Tuesday, April 30, 2013

DA RODA AO CHIP, VIVA O TRABALHO!


O sábio proverbio chinês tem lá sua razão, quando afirma que se você escolher um trabalho que goste, não trabalhará um único dia em sua vida, e sim vivenciará momentos de prazer em sua jornada de trabalho.
Mas Confúcio certamente não poderia imaginar que 1.500 anos depois essa consideração sábia seria utópica, por dois motivos. Um deles é o fato de que a vocação, por mais importante que ainda seja no mundo do trabalho, é sucateada pela confusão de interpretações a respeito da alternativa de sobrevivência nas novas exigências da sociedade. Outro é a oportunidade de sobreviver, simplesmente, em um momento onde a tecnologia substitui cada vez mais a a mão de obra humana.
É claro que não se pode ser pessimista. Por toda história da civilização humana, as sociedades sempre procuraram superar as armadilhas armadas por ela mesma e contra ela mesma, na busca de novos horizontes da sobrevivência e na facilitação de seu trabalho.
Isso, desde a invenção dos instrumentos cortantes e da roda, que foi a maior criação humana em direção às maravilhas tecnológicas do futuro. Maravilhas que hoje ameaçam os postos de trabalho.
Trabalho é fundamental para a vida. Hoje a União Européia quebra a cabeça para resolver o que fazer com seus 26 milhões de desempregados - o que mostra que os países mais civilizados e culturalmente invejáveis não conseguiram evitar o peso do girar da velha roda neolítica transformada em um chip microscópico.
O pragmatismo que envolveu o mundo no século XX  parece não se encaixar na capacidade humana quando o assunto é criatividade da sobrevivência. Que o digam os EUA, que sofrem com o  desemprego e a dificuldade de acertar soluções, enquanto mantém as ações externas em modelos  que não funcionam mais.
No Brasil o processo é oposto e as taxas de desemprego diminuem e 2012 foi fechado com a menor taxa de desemprego de sua história. O brasileiro, apesar das dificuldades enfrentadas pela sociedade mundial, possui um talento inato para "dar um jeitinho" quando a situação aperta: é intuitivo e empreendedor. Mergulha de cabeça em novos empreendimentos, buscando seu lugar ao sol. As vezes até mesmo sem verificar a profundidade de seu mergulho.
Ainda existe espaço para a vocação e o exercício prazeroso do  trabalho? Sim, sem dúvida. Mas parece que isso exige boa dose de criatividade e novos caminhos, a exemplo dos antigos desbravadores, mas com nova mentalidade. Se antes as florestas eram derrubadas à força dos braços, hoje devem ser preservadas com inteligência justamente para garantir a força do trabalho futuro, que muda de formato. Se as cidades incharam e lotaram as alternativas de colocação profissional, que novos negócios sejam criados para corrigir as disfunções provocadas.
De uma maneira geral a mentalidade sobre emprego, trabalho e negócios precisa ser arejada com novas alternativas, algumas ainda não inventadas, quem sabe? A única certeza é que não se pode projetar futuro sobre escombros e sim de maneira produtiva e consciente. (MM)

Monday, April 29, 2013

A HIPOCRISIA, PODER E CORRUPÇÃO


Durante toda história da humanidade o homem tentou entender a voracidade do poder político. Talvez tenha sido justamente isso – a insanidade que marcava a briga política ao longo de séculos e séculos de organização da sociedade humana, que tenha levado à necessidade de pensar suas origens, seu presente e seu futuro.

A contradição sempre foi tamanha, entre aquilo que se propagava e a realidade do poder, que até mesmo o berço da democracia, a Grécia, começou a imaginar igualdade entre os homens de maneira a preservar a desigualdade, ou seja a garantia do poder. Que o diga o velho Sócrates, obrigado a beber cicuta porque cometeu a heresia de ensinar os jovens a pensar, ao contrário dos sofistas, que costumavam levar o conhecimento controlado e medido de acordo com os desejos do poder constituído.

Sócrates, naturalmente, não foi o único homem com pretensão de discutir o poder político e suas artimanhas que se deu mal. Por toda a história, quem ousasse pensar e desafiar o poder, entrava pelo cano. Fosse na fase da Inquisição, com todo o poder centralizado na igreja e em papas escolhidos não pela santidade, mas pelo oportunismo, fosse nos tempos modernos, onde a perseguição contra quem reclamava do abuso político e apontava as falhas de ideologias massificadas não foi menos cruel ou absurda!

E agora, no Terceiro Milênio, a “Idade da Informação”, do apogeu da mídia e do confronto com a maior comunicação popular da história da humanidade?

Bem, agora, sofisticaram-se os meios, mas o recheio do bolo continua o mesmo. O cenário em que vivemos é magnífico: naves espaciais orbitando a terra, satélites que mandam imagens do sujeito que passeia na Patagônia para a “Concinchina”, chips que substituem funções do cérebro humano, enfim!
Mas a briga pelo poder é tão mesquinha e perigosa como nos tempos de Calígula!
Mas e a nossa democracia, a nossa campanha política, o nosso voto popular?
Pois é, metade do caminho já andamos. O problema fica com a outra metade, pressionada por quem não quem “perder” o poder de tantas décadas e que utiliza os mesmos recursos do “bem” para o “mal”. O jogo é sujo: denúncias vazias, que pretendem denunciar o que não existe na realidade. É só bagunça!
Não é um problema brasileiro. É um problema dos países comprometidos com interesses de grupos econômicos, habituados a imperar. A corrupção é endêmica, dizem os analistas brasileiros e (que vexame!) de outros países. A tendência de vestir a intenção de coletar lucros com a capa das boas intenções  confunde realmente o cidadão comum. O lobo que se esconde sob a capa do cordeiro ou o complexo do conto da chapeuzinho vermelho.

Corrupção endêmica significa corrupção enfronhada, absorvida pelo sistema. As pessoas confundem e imaginam que é novidade, sendo manipuladas pelo frenesi político, que propaga os próprios pecados, senão de profundo conhecimento de falcatruas, pelo menos no de omissão para punir e banir a corrupção de fato. A mídia infelizmente não escapa desse cerco e leva informação distorcida. No tempo das trevas, os livros eram raros, e o conhecimento empírico. Mesmo assim a sociedade humana rompeu as barreiras da falta de informação.
Hoje temos de admitir que somos obrigados a romper as barreiras da ignorância, fruto de informação distorcida, comum na política quando se briga pela imposição de projetos e supremacia partidária. O mesmo projeto que parece beneficiar a população nas acaloradas discussões em tribunas dos plenários pode ser aquele que no futuro será responsável por perdas irrecuperáveis. É preciso se perguntar: qual o interesse do poder político e econômico nas bandeiras de nossos legisladores.

Wednesday, April 24, 2013

FILOSOFANDO O ÓCULOS


Já virou clichê o sujeito desesperado, procurando o óculos, que na verdade está no próprio nariz! Ser distraído pode não ser tão ruim assim. Há novos estudos que comprovam que as pessoas distraídas são mais criativas. Considerando que outras pesquisas dão conta de que as pessoas criativas são mais felizes, podemos concluir que pessoas distraídas tem maiores chances de ser felizes.
Distração até certo ponto. Aquela que permite divagar sobre as coisas que estão ocorrendo em torno. Se passar da medida desequilibra. É o caso da esquizofrenia, que mostra o indivíduo tão atento a tudo que acontece, de maneira tão simultânea, que acaba fugindo da realidade.
Mas uma certa distração, na medida certa, para buscar detalhes em torno de sua vida, é interessante. Ajuda a resolver problemas mais complexos. Deve ser algo semelhante quando um problema ou situação parece insolúvel e acabamos encontrando uma excelente alternativa de solução depois que desistimos de espremer os miolos sobre o assunto, pensamos em outras coisas ou nos desligamos no sono. Há quem jure que não há melhor maneira de lidar com problemas do que deixar o inconsciente resolve-los sem a interferência de nossa razão consciente quando ela está falhando.
Não vamos confundir esse tipo de distração com a falta de concentração. Temos uma mania irresistível de simplificar as coisas. Saber distrair-se positivamente é uma espécie de arte, assim como conseguir concentrar-se é uma questão de sobrevivência e certa garantia de equilíbrio emocional do indivíduo.
Como tudo na vida, distração e atenção, sem extremos, podem ser o recurso para manter o equilíbrio emocional. (Mirna Monteiro)

Tuesday, April 23, 2013

LIVRO, PARA QUE TE QUERO...


O livro já foi a atração principal na vida das pessoas que desejavam alguma emoção, aprendizado, passatempo e diversão ou simplesmente sonhar. Privilégio de uma elite e objeto de desejo de quem possuía pouco acesso à leitura.
Hoje, quem lê?
As cotações da leitura mostram que a Bíblia foi e continua sendo o livro mais lido do mundo, apesar das traduções, erros e adulterações apontadas por teólogos e críticos.
Curiosamente, em segundo plano vem o Citações do presidente Mao Tsé-Tung, que revela-se um poeta e também um pensador pragmático. "A bosta de boi é mais útil que os dogmas; serve para fazer estrume"..., afirma, entre outras coisas.
Livros políticos, como o Livro Vermelho e religiosos, como o Alcorão, estão sempre sendo procurados e lidos. Mas a ficção fantasiosa é a que vem ganhando os novos leitores.
O universo da leitura muda bastante. O numero de leitores parece grande se considerarmos que Harry Potter conseguiu movimentar a busca da literatura no mundo todo, mas a verdade é que lia-se muito mais nos tempos em que o cinema ainda não existia e onde sequer se imaginava que o mundo seria um dia  encaixotado em uma tela doméstica de 56 polegadas...
A façanha de Harry Potter é seguida pelo "O Senhor dos Anéis", que com a ajuda do cinema e de efeitos incríveis ressuscitou a obra de Tolkien e vendeu mais de 100 milhões de cópias de sua obra.
A procura por essa literatura impressiona pela velocidade das vendas. É claro que é difícil chegar à quantidade de obras vendidas de escritores clássicos, que estão há alguns séculos no dia a dia da leitura, como por exemplo Willian Shakespeare, que vendeu em torno de 4 milhões de exemplares. Aliás, vamos abrir exceção para Agatha Christie, que também atingiu a marca dos 4 milhões em suas 85 obras escritas no século XX.
Dizer que não se lê seria inverdade. Mas a maioria das pessoas lê muito pouco ou é apenas impulsionada para a leitura de livros que motivaram seu interesse em filmes, caso também de "Crepúsculo" e dos "filhotes" dessa obra, no desdobramento da história de vampiros modernos e lobisomens charmosos.
Tudo bem. Assim como grandes obras foram adaptadas para o cinema, o cinema incentiva a continuidade da temática e a repetição dos personagens novas obras (não importa muito o oportunismo comercial, afinal) e o consumo da leitura. A imaginação origina um livro, assim como efeitos especiais e criatividade mostram as delícias de uma boa história.
Mas nada seria melhor do que incentivar a leitura desde muito cedo. A criança que lê parece desenvolver um equilíbrio emocional que outras atividades não conseguem, exercitando o raciocínio e aumentando a capacidade do aprendizado.
Há quanto tempo você não pega um bom livro e relaxa, afundando em sua leitura?  É bom, hein? (MM)

Monday, April 08, 2013

FILOSOFIA (IRREVERENTE) DOS ANOS 20




Ingênuo, mas nem por isso menos mordaz, o humor de 1920 mostra muito da maneira de pensar e ser da época. Aqui temos um pedaço da sociedade que preparava-se para começar a viver a grande revolução de valores do século XX. O tema, alías, é "Verdade ou Mentira", publicado na revista "O Careta":

*** O alfinete é o único cavalheiro que, vivendo na intimidade das mulheres, nunca perde a cabeça...

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***A franqueza é a nudez do pensamento. Dizer a verdade é tão indecente quanto andar nu.

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***Não emprestemos dinheiro aos nossos amigos, nem digamos a verdade à mulher a quem queremos bem: será a melhor forma de conservarmos a mulher, os amigos e...o dinheiro.

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*** A honestidade é como o perfume, aproveita-a mais os outros do que quem a tem.

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***O casamento nasce de uma ilusão,vive de uma esperança e morre, quasi(sic) sempre, de um mal entendido.

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***Para que o casamento constituísse a fórmula ideal da felicidade affectiva (sic)era preciso que os homens fossem menos egoistas ou que as mulheres tivessem o dom de se renovarem constantemente como Protheu. O que mata o amor é a monotonia, que é inimiga da arte e da sensibilidade. A mesma paisagem, por mais linda que seja, acaba enfarando si (sic) não acode alguem a dar-lhe aspectos novos...

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***Beijos são bonbons (sic) que se guardam na caixinha de segredos da bocca (sic). Mas é curioso notar que comido o primeiro bonbon (sic)nunca mais se encontra, na caixinha, outro com o mesmo sabor...

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***O erro está para a verdade assim como a noite está para o dia. Se não fosse a noite o dia não seria tão lindo...

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O PENSAMENTO NA ARTE DOS ANOS 20
"Se apenas houvesse uma única verdade, não poderiam pintar-se cem telas sobre o mesmo tema" (Pablo Picasso)


MODA CHARMOSA DO COMEÇO DO SÉCULO XX










Thursday, April 04, 2013

DEIXANDO A VIDA MORRER


Um dos modismos na ficção é a eliminação da solidariedade e do amor ao próximo. O mundo se transforma em um lugar solitário, onde o que vale é a sobrevivência individual e não coletiva. No cenário urbano tradicional vale tudo em nome do poder e do dinheiro, não importa quantos sejam imolados para que um indivíduo atinja seu objetivo. Em cenários futuristas, quando vírus desconhecidos invadem a terra, é melhor cuidar da própria pele e atropelar o semelhante nas ruas e estradas  mesmo que sejam sadios, para evitar que um dia se transformem em potencial transmissores de alguma doença exterminadora...
Por que falamos da relação ficção e vida real?
Porque a ficção, em primeira análise, é a representação criativa do ser humano, em sua vivência real do passado e dos seus anseios, medos e expectativas do futuro.
Por esse motivo a ficção é transformara da sociedade sob diferentes aspectos. "Acorda" desavisados sobre o risco de certas ações, mas estimula os mais violentos a liberar os instintos mais baixos. Principalmente nos filmes, onde o crivo crítico fica mais comprometido do que na literatura escrita pelo poder da imagem, do som e das mensagens subliminares,onde a imaginação humana pode misturar-se e gerar verdadeiros atentados à sanidade de expectadores.
A ficção portanto, é poderosa formadora de opinião e conceitos sobre a vida. Pode despertar a filosofia ou, em oposto, o descaso com a vida. Pode ensinar a trajetória do ser na sociedade e orienta-lo no percurso ou tornar a vida humana tão fútil como um sanduíche de vento ou ainda dar a entender que a vida é apenas uma mera condições individual e que o coletivo é ameaçador e inimigo, destruindo a civilidade.
Esse poder não é novidade. Novidade é o potencial destruidor que tomou conta da ficção. Nos séculos passados a literatura inicia com contos da carochinha, que mostravam no teatro da linguagem a realidade da vida, dividida entre o bem e o mal. Por ai seguiam, tornam-se picante e estimulando mudanças de comportamento sexual que transformaria a moral do futuro. Agora pisoteiam a ética e civilidade, com tal ênfase que mesmo o "Bem e o Mal"  tornam-se mesclados e confusos.
É essa nova sociedade que transferiu para a vida real a inconsistência da ficção americana dos seus filmes sanguinolentos e compostos de seres ensandecidos, em uma sucessão de imagens  e barulho que elimina a possibilidade crítica do expectador. Tendência que passou a ser adotada na produção de filmes por outros países e que, no final das contas, com o passar de poucas décadas, aproxima-se do retrato de uma nova realidade social. A ponto de depararmos cada vez mais frequentemente com denúncias de que tudo
conspira contra a sanidade humana, ultrapassando as telas da TV e do cinema e atingindo programas de computadores, sites e até telefones celulares, que utilizariam recursos subliminares, captados pelo inconsciente humano e não percebidos visualmente.
Se chegamos a esse ponto, não sabemos ainda. Mas que a transformação do homem como ser social é pouco segura, isso é inegável.
Por esse motivo quando médicos e outros funcionários de hospitais ou pronto-atendimentos deixam seres humanos morrer na calçada ou em alguma cadeira na sala de espera, pensamos: parece coisa de ficção!
Da mesma forma quando observamos a necessidade de vigiar nosso sistema judiciário, denunciar sentenças absurdas e contrárias à ética, processar advogados que roubam seus clientes na tranquilidade das procurações ou defendem assassinos confessos como "pessoas normais"...parece coisa de cinema! Situações surgidas de mentes que desejam grandes bilheterias pelo choque da displicência e da maldade do sistema começam a se tornar parte da rotina da vida real.
O desleixo com a vida no entanto é responsabilidade da própria sociedade. Talvez seja o momento de reconhecer que estourar cabeças de zumbis e espirrar sangue para todos os lados não favorece a sobrevivência coletiva e nem individual e que a vida não precisa necessariamente imitar a arte, que nem sempre é criação válida. O que falta é o outro lado da balança, demonstrando que a vida é preciosa, seja ela de quem for e onde estiver, seja a de uma árvore secular, um animal ou o ser humano. Pensar sobre o assunto não é sonho ou utopia. É alternativa. (Mirna Monteiro)