Monday, March 25, 2013

SOCIEDADE PERIGOSA


Há inúmeras situações que podem levar alguém a tirar a vida de outra pessoa. Especialistas desdobram-se na análise de desvios de conduta, ambiente, circunstâncias ou patologias, tentando explicar uma ação que pode ser passional ou planejada friamente.
No final das contas há apenas um consenso comum e coincidente em todas história humana de violência: o receio da punição é a principal forma de controle da incidência de assassinatos, sejam eles motivados por qualquer circunstância ou mesmo tendo origem na psicopatia.
Indivíduos psicopatas não são minoria, como pensamos. Sabe-se hoje que grande parte das pessoas carrega consigo a tendência desse tipo de anomalia, em maior ou menor grau e em dependência do meio em que vivem.
O que significa que apesar de ser um indivíduo frio e calculista, o psiocopata também controla suas ações com inteligência.
Em comunidades onde existe organização social e controle da violência, esse tipo de pessoas com tendência a matar também tem seu impulso homicida controlado.
A conclusão é simples portanto. Quando a violência aumenta, é óbvio que a sociedade está desorganizada e fragilizada em sua capacidade de deter e punir criminosos. O indivíduo com transtorno antissocial sente-se à vontade nesse ambiente para liberar seu instinto assassino.
O que acontece? Pessoas aparentemente "normais" que tem uma vida social, são médicos, jogadores de futebol, advogados, professores, pais ou filhos enfim, aparentemente acima de qualquer suspeita, passam a matar.
Nossas leis precisam se ajustar à ciência. Poucos anos de detenção não eliminam o risco de quem mata friamente.
Do ponto de vista científico qualquer indivíduo que age friamente, calculando a morte de outras pessoas, possui características psicopatas e poderá voltar a matar caso se sinta em segurança, diante de um sistema judicial ineficiente.
No livro "A máscara da sanidade" o psiquiatra Hervey Cleckley analisa quatro tipo de psicopatas que se misturam à população, os primários, que parecem não possuir qualquer emoção genuina (mostram superficialmente o que lhes convém), os secundários, mais passionais e sujeitos a matar em situações de estresse, os descontrolados, que se aborrecem ou perdem a linha mais facilmente que os demais (em geral ligados a pedofilia e outros desvios sexuais e sujeitos ao consumo de drogas) e os carismáticos, mentirosos mas atraentes e charmosos e com poder de persuasão sobre suas vítimas.
Nos tribunais ou na vida social psicopatas mentem com grande facilidade. Não sentem nenhuma angústia pessoal e não tem nenhum problema, já que o problema quem tem são os outros. Sua capacidade para castigar as vítimas se baseia em um comportamento anormal do cérebro, que reage de forma completamente diferente de uma pessoa sã. Jamais assumem qualquer responsabilidade por seus atos, sem crivo da auto-crítica.
Os conflitos sociais liberam a ação desse tipo de indivíduos psicopatas ou sociopatas. As pessoas em geral, no entanto, querem saber como lidar com essa realidade atual. "O pior é que a gente sabe cada vez menos sobre quem pode ser um bandido ou alguém que de repente pode até matar, parece filme americano de terror", escreveu um leitor que comentava o ataque a um cliente de um restaurante no Guarujá, morto a facadas pelo proprietário do lugar ao reclamar do preço cobrado.
Saber, de fato, parece cada vez mais difícil. Os novos agressores nem sempre têm históricos de violência ou aparentam ser assassinos.
Houve tempos em que a palavra tinha o peso da credibilidade. O "fio de barba", que garantia a honestidade de acordos, fazia com que a justiça funcionasse sem a necessidade de tribunais.
Hoje os tribunais nem sempre conseguem prender criminosos, enquanto que o sistema não tem preparo para o sistema prisional exigido. O que na prática torna o cidadão mais responsável pela sua própria segurança, como nos tempos primitivos, quando o meio era absolutamente imprevisível e o risco de se tornar uma presa, constante. (Mirna Monteiro)

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