Wednesday, January 25, 2012

Acariciando o coração

Descobriram que o coração possui algumas dezenas de milhares de neurônios. Parece pouco diante dos 100 bilhões de neurônios calculados no cérebro humano, mas é suficiente para uma avaliação maior na relação entre comportamento e emoção, assim como de fatores fisiológicos como estresse e riscos cardíacos.
O coração tem capacidade de pensar? A ciência não se atreve a afirmar isso, embora venha reconhecendo que estados de tensão, tristeza, depressão, de fato influenciam a saúde humana. De onde podemos deduzir que o coração humano está "equipado" para sentir.
Morrer de tristeza, um termo usado antes mesmo que a ciência soubesse muito sobre a fisiologia humana, parece ser verdadeiro. Joseph Chilton Pearce, autor de "A biologia da Transcendência", refere-se ao coração como um orgão de sabedoria inata do amor, Sem ele o ser retroage ao primitivo, permitindo que o Ego assuma o controle e a mentalidade de sobrevivência baseada no medo, na ganância, poder e controle.
Essa situação levaria à sensação de solidão e isolamento da natureza, enquanto que a capacidade de "sentir o coração" e liberar os sentimentos positivamente leva a uma maior inteligência emocional e capacidade de lidar com a vida.
De certa forma, mesmo negligenciando o coração, persiste a sensação de vazio e a necessidade de buscar uma compensação. Talvez seja esse o motivo que leva as pessoas a buscarem conforto, as vezes renegando a própria realidade.
Isso pode ser observado nos sites de relacionamento, que foram criados para interagir, adaptando-se ao longo do tempo a muitas funções diferentes. Namoro, casamento ou simplesmente sexo, discussões sobre assuntos proibidos ou dificilmente assumidos no mundo real, denúncias e discussões políticas. Tudo aquilo que integra a realidade imediata, mas que acaba se perdendo na falta de contato das pessoas ou na dificuldade de relação com a mídia, acaba se desdobrando no mundo virtual.
Mas o interessante é que a maioria das pessoas não pretende discutir grandes problemas nos sites de relacionamento.Não pretendem "martelar a mente", mas sim acariciar o coração, ou seja, manter contatos leves, que absorvam a tensão da realidade do dia a dia. O mundo virtual serve de repouso, quando as conversas são leves e as palavras trocadas são de incentivo, positividade e alento.
Não há como criticar esse desejo. Todos necessitamos de momentos paz e repouso. Em uma realidade cada vez mais drástica - onde os problemas parecem brotar como erva daninha, não por serem recentes, mas pelo fato dos disfarces que os escondiam não mais funcionarem, o estresse aumenta.
O que não quer dizer que a realidade possa ser evitada. Mas a racionalidade pode ( e deve) conviver com o bom humor, a leveza e a gentileza. Talvez a representação das duas faces da realidade, cérebro e coração, racionalidade e sentimento não seja simples metáfora, mas pura ciência. (MM)

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