Tuesday, September 21, 2010

Crenças, ceticismo e botões

A sociedade anda em crise de credibilidade. Há tantos exageros e informação que parece haver uma predisposição ao ceticismo.
Não estamos falando da filosofia cética. Estamos falando de um tipo de comodismo ou busca de conforto apoiado na negação. Ainda que o questionamento radical no caso contrarie outras opiniões ou mesmo ansiedades. A mesma sociedade que reclama do artificialismo, sequer cogita a possibilidade de deixar de consumir o frango à base de antibióticos ou a salada  regada a agrotóxicos ou exigir que vilões simpáticos que adotam do alto de seus altos cargos a filosofia do "vale tudo" suspendam os seus abusos...
É um conforto imaginar que tudo vai bem e que qualquer ameaça é besteira. Não vamos dizer que a origem do ceticismo seja semelhante ao ceticismo enlatado e entalado de nosso tempo. Pirro de Elis jamais imaginaria que 1.700 anos depois de suas certezas sobre o que seria certeza, tal situação pudesse acontecer. Certamente não negaria veementemente a possibilidade do homem tornar-se um ser abstrato, em nome de uma sociedade concreta, a ponto de sacrificar o prazer do paladar ingerindo alimentos enfiados em uma lata!
Assim tudo é menosprezado ou reduzido a nada por nossos modernos céticos, inclusive desmandos cotidianos. Suponha que se fale, a esses, sobre mudanças clomáticas ou derretimento das geleiras! A reação provável será um ataque de fúria, que só se iguala ao menosprezo não menos furioso de quem se atrever a ser crente!
Parece mais uma disputa pela supremacia do discurso!
O problema de tanto antagonismo talvez esteja na interpretação do que seria a fé ou o ateísmo. A interpretação de fé é resumida à adoção de doutrinas religiosas e a do ateu, à capacidade filosófica.
Como se fosse possível separar as duvidas e certezas humanas em duas metades!
Digamos que nem sempre aquele que tem fé, aceita a imposição de alguma doutrina ou religião, preferindo navegar na própria intuição e nela buscar respostas. Ou, de outro lado, podemos também argumentar que nem todo ateu é racional ou entende de filosofia! Talvez repita chavões para si mesmo, reduzindo sua capacidade de pensamento a um espécie de doutrina disfarçada.
E com usso desviamos a atenção do foco da questão, que é ser ser cético em relação ao  risco da sobrevivência do planeta, ou crente na possibilidade de exagero de consumo, que levará o planeta a uma situação de risco.
Assim essa discussão vai longe!
Mas é interessante um desafio entre crentes e céticos, digamos a respeito de assuntos reconhecidos cientificamente, mas que seriam "truques da mídia" para os nossos descrentes. Vamos a uma discussão não ficcional, mas real, retirada de uma conversa que realmente aconteceu...sobre as possibilidades de problemas de sobrevivência futura (os que afirmam ser racionais a toda prova, tem pavor de imaginar um mundo ainda mais caótico e apocaliptico ) com o meio ambiente, do qual depende para sobreviver. Entre céticos e preocupados!
 Aquecimento global
Cético  - Isso é fofoca midiática!
 Preocupado( inconformado) - Fofoca? Além de todas as indústrias, veículos, maquinários, sabia que bois são responsáveis por 20% das emissões de gases  estufa no planeta?
Cético - Lá vem você querendo que eu coma capim!
Preocuoado - Imagine, coma o que quiser...sem bem que comer o que se caça é diferente de comer esse monte de bicho criado para matadouros.
Cético - Bobagem, eles nem sentem nada.
Preocupado - Que prepotência a sua em achar que sabe o que os outros sentem, Isso desequilibra, porque não tem nada de natural. Desequilibra!
Cético - Ah, mas para acabar com a terra precisa muito tempo ainda...Não é o pum de gado que vai conseguir isso. Só 20%, tá bom.
Crente - Mas chega! Ai meu Deus do Céu!
Cético- Ih, esse negócio de deus é invenção política!
Crente - Mas todas essas porcarias superfluas que aumentam o lixo no planeta é que são invenção política!
Cético - Desde quando sobreviver é invenção? É condição!
Preocupado- Condição? É imposição! Você feito de trouxa!
Cético - Mas que besteira! Não tem nada disso! Você é doente!
Preocupado - Você é doente!
Cético - Imagine se vou acreditar nisso!


...E tem gente que não acredita em destruição?...

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