Friday, December 26, 2008

CONFLITOS DA EUTANÁSIA

Quando o assunto é eutanásia, o choque é inevitável. Talvez nem tanto pela dúvida entre o direito ou não de antecipar a morte de um ser terminal e em sofrimento extremo. Mas simplesmente pelo fato de lidar com aquilo que o ser humano mais teme: a morte!
Morte significa o fim de alguém ou de um sentimento ou qualquer coisa que se finda definitivamente. É o desconhecido, um acontecimento que não permite a quem quer que seja lidar com alguma certeza. Por esse motivo a idéia de provocar a morte - mesmo que por piedade - é chocante!
O termo eutanásia deriva do grego "eu" ou "boa" e de "tanatos" que significa "morte". Assim sendo, eutanásia significa boa morte ou morte serena, que era defendida por Sócrates e depois por seu discípulo Platão. Por toda a história da humanidade, em momentos de desespero diante do sofrimento inevitável e terminal de algum ser, homem ou animal, o medo da morte cedia espaço à piedade.

Será mesmo possível a "morte suave, doce, fácil", sem sofrimento, sem dor, para abreviar agonia muito grande e dolorosa de alguém? Seria o ato que põe termo à vida de quem que sofre de enfermidade incurável ou então a aleijados padecendo dores cruéis, atendendo ao desejo de quem sofre, natural?
Sob essa ótica, sim, parece ser a morte piedosa uma ação natural, movida pelo sentimento de humanidade. Mas nem por isso deixa de ser controversa, quando todos sabemos que nem sempre os atos justificáveis ficam limitados ao bom senso. Sempre há o risco de, diante da aceitação da eutanásia, acontecerem distorções futuras.
No entanto, a maioria das pessoas pode ficar chocada quando assiste uma cena em que um animal é mortalmente ferido e recebe um tiro de misericórdia, ao mesmo tempo em que sente alívio pelo fim da tortura da dor e e da morte lenta. Contradições da alma humana ou superação do medo da morte em nome da piedade?
Hoje a eutanásia é usada na medicina veterinária em casos terminais. Os veterinários não aceitam esse termo, preferindo chamá-lo de "descanso" de um animal em extremo sofrimento e em situação irreversível.

Seria a eutanásia um ato de respeito à natureza? Ou a natureza deve seguir o seu curso mesmo quando envolve o sofrimento, enquanto assistimos à dor de outros com braços cruzados e impotentes diante do ciclo natural da vida?
Esta é certamente a decisão mais difícil para uma sociedade que conta com recursos da ciência para salvar vidas, mas também para tornar a morte piedosa e indolor. Talvez a resposta esteja na certeza de que a natureza dita suas regras, mas também as modifica. Nada parece ser definitivo em um universo em eterna transformação. E o respeito à natureza também é influenciado pelas circunstâncias, que nunca são idênticas e dependem da razão e do bom senso em sua decisão.(Mirna Monteiro)

Sunday, December 21, 2008

Ah, o Natal!

Natal é sempre uma data especial. Mesmo para quem pretende evitar que isso aconteça. Não tem jeito. Quem é ateu e não quer reconhecer que participa da festa que simboliza o nascimento de uma nova era através de Cristo, comemora! Quem é católico e assíduo à Missa do Galo, tentando evitar os atropelos superficiais da data, também comemora! E outros, que as vezes nem sabem direito porque motivo estão atolando o cartão de crédito ou exagerando na gastronomia natalina, igualmente comemoram!

Aqueles que estão sós, sentem que alguma coisa está fora do lugar na noite de Natal. Para a grande maioria das pessoas, crentes ou descrentes, modernas ou tradicionais, comedidas ou consumistas, o Natal é basicamente um momento para reunir a família e tentar vivenciar sentimentos humanitários. O que, no nosso mundo atual, é extremamente importante. Apesar de girar a roda econômica e sustentar-se sobre o consumo, o Natal é o momento que restou para humanizar uma sociedade cada vez mais superficial.

No meio de tudo isso, cada um tenta se equilibrar como pode. Afinal o Natal encabeça as festas de final de ano, ou de desfechos e mudanças, mesmo que tudo isso funcione mais a nível da emoção do que da praticidade.

Multiplicidade



Natal significa uma série de coisas, como podemos observar. Da decoração luminosa aos biscoitos de gengibre, da figura paternal (e confortadora) de Noel, à beleza dos cristais de gelo e dos bonecos de neve, que por incrivel que pareça estão até nos climas tropicais!

É também, para muitas famílias, a única data do ano em que a confraternização acontece.



Entrevistadas nas ruas, as pessoas concordam: no Natal, apesar de tudo, sempre há um clima mais amistoso. As famílias entram em uma espécie de movimento coordenado, discutem o espaço para reunir-se, a participação na ceia. É, porque nos dias de hoje a tradição foi incorporada por um toque de "a união faz a força": a ceia, para continuar farta, é democraticamente participada, tanto no seu planejamento como na sua execução. É um ponto a mais para favorecer a humanidade da data.




O colorido e as luzes também iluminam os momentos. No Natal as pessoas percorrem as ruas iluminadas, e mesmo sob a chuva caminham com melhor humor. Nas casas a decoração é realizada cada vez mais cedo. A tradição está sendo "esticada": muitos começam a criar a clima natalino em novembro. Este ano em outubro já piscavam luzinhas e enfeites. A explicação é óbvia: a data traz tranquilidade e visual reconfortante. Assim sendo dezembro é pouco...



Afinal, quem não gosta de anjos dourados e gnomos simpáticos? Ou do toque dos sinos e do encanto das musicas natalinas...que aliás, andam em baixa. Não se ouve com frequência os acordes tradicionais do natal. Mas há quem afirme que é só uma fase.



Isso porque o Natal é a data mais resistente à mudanças, a tradição que percorre séculos e séculos imune a transformações. Podemos viver em um cenário cibernético, mas quem resiste ao romantismo e encanto da imagem européia de São Nicolau ou Sant-Claus ou de pinheiros nevados e bolas de vidro coloridas?




De qualquer forma convém lembrar que o Natal é mais do que pinheiros nevados e papai-noel abonado. Pode ser um interessante momento de reflexão em família, de grande inteiração com as pessoas, de um sorriso extra e coração mais leve. Sem isso não há como obter inspiração para o futuro!

Assim sendo, Feliz Natal a todos nós!


Mirna Monteiro