Thursday, December 28, 2006

HAJA BOA SORTE NO ANO NOVO!





Ah, as superstições!Tecnicamente são crenças que não possuem qualquer fundamento científico. Mas são irresistíveis, aguçadas pela intuição. As superstições integram a essência intelectual humana e não há época ou lugar da história onde não estejam presentes.
Por isso quando chega a passagem do ano, é quase impossível evitar alguns rituais e cuidados.
Por exemplo, quem vai colocar uma ave na ceia de ano novo, se souber que aves ciscam “para trás” e simbolizam retrocesso?
Porco dá sorte, mesmo com o risco do colesterol embutido.
Para compensar, frutas mágicas: romãs e uvas, cujas sementes se transformam em poderosos ímãs de dinheiro farto o ano todo, quando saboreadas imediatamente após as 12 badaladas do reveillon e guardadas na carteira
Há tantas possibilidades de rituais que garantem um ano bom e farto, que todos ficamos confusos. Afinal, ninguém quer perder uma boa oportunidade de garantir a boa sorte.
Por esse mesmo motivo lojas de roupas íntimas vendem a rodo nos dias que antecedem o revelillon. Calcinhas e cuecas novas garantem renovação da vida e, dependendo da cor, ainda promovem conquistas importantes!

Quais?Ora, se pretender luz e paz, use branco! Calma, tranqüilidade e segurança e tudo mais relacionado à vida espiritual exige a cor azul!

Prosperidade financeira e riqueza? Amarelo, sem dúvida! Precisa de auto-confiança, amor-próprio e auto-afirmação? Use verde!
Violeta influencia positivamente emoções e humor. Mas quando a questão é amor, ah, aí depende: quer romantismo e amor? Cor de rosa é ótimo! Ou prefere paixão, sensualidade e conquista? Vermelho, o grande estimulador do desejo. E também dá pique para o trabalho!
Há quem fique tão animado com as possibilidades, que usa todas as cores! Outros, mais discretos, colocam roupas íntimas coloridas e cobrem o corpo de branco puro, rescendendo a luminosidade.
O que importa é a expectativa e a esperança de transformação. Mas lembre-se: nada de roupas apertadas! Você não vai querer um novo ano incômodo, com pouco espaço, não é!
Mas o mais engraçado mesmo fica por conta dos rituais no momento da meia-noite. Conheço pessoas que enquanto estendem a taça de champanhe para o brinde (champanhe é importante, inclusive deixando alguns golinhos na taça e atirando-os pra trás, tipo bye, bye ano velho), sacam de uma verdadeira lista de simpatias.
É uma espécie de “gula” por boa sorte! E podemos então assistir a um verdadeiro espetáculo: no momento da algazarra da meia-noite, a pessoa sobe em uma cadeira, toma um gole de champanhe, desce da cadeira usando apenas o pé direito, pula três vezes, joga o champanhe sobre os ombros (que meleca, né?) pula várias vezes com o pé direito, tomando cuidado para não perder o dinheiro que já foi enfiado dentro do sapato (também tem essa).
Corre a engolir uma colherada de lentilhas e depois 12 bagos de uva, reservando as sementes, além de três cerejas, cujas sementes também vão ficar na carteira o ano todo, para garantir a prosperidade financeira.
Ainda não acabou. É preciso beijar alguém do sexo oposto para garantir o amor, comer um doce para garantir um ano gostoso e suave ou se tiver namorado (a) roubar um fio de seu cabelo e juntá-lo ao seu em um saquinho branco, para garantir a relação...
Ato contínuo, a gula pela boa sorte leva a reunir sete moedas, seis delas distribuídas a seis amigos, guardando uma na carteira, juntamente com as sementes. Isso porque já colocou embaixo do tapete da entrada da casa outras sete moedas que vão ficar o ano inteiro arranhando o piso, mas garantindo a fortuna!
É, ninguém falou que atrair sorte é fácil...de fato é complicado mesmo.
Mas vale a pena!
Há quem se empolgue tanto, que na véspera do ano novo faz uma limpeza geral nas gavetas e armários, espalha
montinhos de arroz cru pelos cantos da casa, orando por proteção, coloca ramos de arruda (contra maus olhado, oras!) , muitas plantas e flores (para energizar o ambiente) e queima incensos pelos cômodos!
E não se pode esquecer dos ramos de trigo!
Como podemos ver, superstições e crenças são invencíveis. Na verdade, quem vai contrariar a importância desses rituais? Na falta de pular sete ondas na praia, pula-se sobre o assoalho de apartamentos imaginando um enorme oceano à sua frente, e o resultado será certamente a mesma vontade de melhorar!
O importante, sem dúvida, é isso: a oportunidade de relaxar, sonhar, brincar e renovar a esperança! Concorda? (Mirna Monteiro)

Thursday, December 21, 2006

FILOSOFIA DO NATAL




Por mais que se critique a tradição do Natal, acusando a data de estar cada dia mais superficial e voltada para o consumo, não há como negar que o final de ano ainda possui um encanto e oferece uma oportunidade rara das pessoas repensarem suas relações familiares e sociais. Em qual outra ocasião o amor fraternal, desvinculado de interesses pessoais, é o tema principal? Amor e Natal!
Para começo de conversa o amor é um sentimento que deve ser absolutamente livre de interesses
Para ser assim interpretado, deve estar desvinculado da ansiedade de recompensa, seja ela em forma de atenção, seja em forma de sentimento igual, seja materialmente.
Isso nos leva a pensar que quando amamos as pessoas, deveríamos simplesmente nos ater ao prazer desse sentimento - o amar, o apreciar, o deleitar-se com o fato de determinadas pessoas existirem.
Isso é possível, felizmente, mesmo em um mundo onde os nossos semelhantes parecem cada vez mais figuras de ficção, como nos filmes.Depende talvez de um exercício de contemplação!
Assim torna-se fácil sentir pela natureza, pelo universo e também pelas pessoas que vivem em nosso mundo um sentimento de afeto, uma inteiração e unidade. O que trocando em miúdos, é amor!
Tudo bem? Anda soterrado em trabalho neste fim de ano? Não há tempo para sequer pensar em contemplação do próprio nariz?
Tornamos determinadas datas tão conturbadas, a ponto de perder o rumo. Final de um ano e começo de outro tem essa característica terrível, de extremos, um deles repleto de simbolismos positivos.
Não é difícil sentir pela natureza, pelo universo e também pelas pessoas que vivem em nosso mundo um sentimento de afeto, uma inteiração e unidade. É preciso fechar os olhos para o mundo imediato e conturbado para poder descobrir esse universo de sentimentos e luz.
Há quem defenda que o amor é questão de atitude, pois permitir-se um sentimento e deixar a alma divagar em seus cantos e recantos transforma a sua abstração em um elemento real na emoção do indivíduo.
No entanto sabemos que aquele que se permite ao sentimento e o conscientiza, acalma as próprias ansiedades existenciais. Ou seja, o amor traz maior benefício a quem ama, do que propriamente ao objeto desse amor, que certamente se beneficiará dele também em várias outras instâncias de emoção ou realidade prática.

Ora, assim sendo, o verdadeiro afeto não cobra retorno, pois já se constitui um benefício emocional. Quando eu me permito amar, eu me sinto melhor, meus humores agradecem e meu fígado também! Somos animais interativos, corpo e alma! Nosso cérebro se encarrega de transferir nossos benefícios emocionais para nosso mecanismo físico.
No amor incondicional e universal não há uma cobrança da afetividade e portanto não há risco da frustração. Amar as pessoas incondicionalmente, em termos universais e manter a sensação de unidade (somos todos integrantes de um mesmo universo) é indubitavelmente positivo para o bem estar pessoal e social e certamente para o futuro da espécie humana.
Permitir-se o sentimento a pessoas próximas a nós de maneira desprendida pode ser também benéfico para nosso equilibrio emocional e nossa saúde fisica. Diferente do amor-paixão que exige mais do que um grande domínio dos instintos, preocupado em evitar a frustração do não retorno deste amor.
Vivenciamos sentimentos diferentes, variáveis. Não existe apenas um tipo de afeição, um tipo de amor ou um único tipo de dependência afetiva. Amores e amores, sentimentos e sentimentos, interesses "X" ou "Y"....não há uniformidade possível nas questões emocionais. Não há como nivelar. O que importa é vivenciar bons sentimentos.
Mas nesta época é possível entender melhor o sentimento humano e a necessidade de interação e unidade com o seu mundo físico e espiritual. Comercial ou não, religioso ou absolutamente ateu, a verdade é que o Natal é realmente um momento muito especial, que se torna cada vez mais precioso!

Saturday, November 18, 2006

O ESPELHO DISTÔNICO


Quando você olha no espelho, vê a mesma imagem que outras pessoas fazem de você? Se respondeu sim, é bom parar e observar muito bem a situação.
Quando outra pessoa olha para você, ela vai enxergar através do próprio prisma, considerando todas as expectativas, preconceitos, interesses, entre inúmeros outros fatores mentais e emocionais que podem interferir na sua avaliação.
Mas o problema não é a visão diferenciada das pessoas. O problema é aquilo que você imagina que será captado!

Esse é o drama a ser enfrentado na preocupação excessiva da imagem física. Uma pesquisa demonstrou que essa dificuldade de auto-percepção, aliada à preocupação em ser bem recebido pelo meio social, pode causar sérios danos à vida. Um deles é o risco de mortes de adolescentes e jovens por anorexia nervosa e bulimia. O outro é uma nova obsessão, a de realizar cirurgias plásticas e outras intervenções a ponto de ir mudando não apenas  detalhes físicos, como a própria personalidade. Em alguns casos o  resultado do exagero também é fatal; em outros transforma a pessoa em um ser com aparência artificial.

Uma em cada três pessoas tem imagem distorcida de si mesma, ainda que esteja com o peso ideal. Entre as mulheres, 31% com peso adequado se acham mais gordas do que deveriam. Curiosamente, entre os homens ocorre o oposto: 25% dos que tem peso adequado se acham mais magros do que deveriam ser...

Há como fugir desse esteriótipo? Difícil. A mídia cria o modelo, por exigência do mercado e os seres comuns do planeta correm atrás desse ideal de beleza.
É a escravidão mental que atinge a maioria das pessoas, independente do grau de instrução ou de sua condição econômica. Aparece na forma da insegurança emocional que recheia o medo de ser observado e julgado pelo meio.
É também um sintoma de que todos julgamos o mundo como se fossemos individuais e solitários!
De qualquer maneira a mulher sempre foi uma das maiores vitimas do modelo social, que eliminava com isso sua força política, ao resumi-la ao aspecto visual.
Na Grécia antiga Vênus de Milo mostrava um corpo feminino forte, sem os extremos exagerados que vemos entre a Renascença, onde a beleza feminina era traduzida em formas quase obesas e excessivamente arredondadas, e os espartilhos do século 19, que deixavam a “cintura de vespa”.  A Vênus aliás conseguiu vencer o tempo como um símbolo da beleza feminina...mesmo estando fora do padrão em muitas fases da história.
Engorda, emagrece, cintura fina, ombros largos e estufados...o corpo feminino já virou quadrado, retângulo, triângulo e trapézio! Pior foi o emagrecimento absoluto que começou a ganhar força após os anos 60, do século XX. As modelos eram tão magras e frágeis que pareciam bonecas.
Hoje a beleza da moda é o corpo magro e malhado, ornado de músculos. No início deste século XXI, onde as protuberâncias são obtidas com próteses e as gorduras sugadas em lipoesculturas e outros novos processos, pretende-se criar a "beleza perfeita"...Se é que isso é possível.  Perfeição artificial tornou o desejo de muitas pessoas, homens e mulheres. Só que o seu conceito ainda é discutível.

A verdade é que a mulher, ao longo da história, sempre foi tratada como objeto decorativo e sofreu pressões relacionadas aos “dotes físicos”. A culpa é da variedade de atributos físicos e de biotipos. Dependendo da época, um biotipo acertava o alvo.
Na Inglaterra do século XV as damas desejavam morrer ao constatar que não possuíam a pele alva o suficiente (apenas camponesas eram coradas), o corpo rechonchudo, a testa larga, olhos largos, cabelos claros (loiros ou ruivos), entre outras especificações, como pés delicados e mãos de seda.
Hoje as adolescentes ficam sem comer e vomitam por ver nas passarelas a magreza absoluta. Modelos têm corpo de eterna adolescente anoréxica, com pernas compridas e finas e corpo longilíneo o suficiente para tornar qualquer pano enrolado o máximo na arte da elegância.
Provavelmente em breve esse tipo cairá de moda. O que virá?
Afinal, o que é bonito e o que é feio? O que esperamos ao tentar nos metamorfosear constantemente? Todos sabemos que a diversidade do elemento humano impede a padronização de um determinado modelo. O que se perde ao se manter uma aparência equilibrada, sem os exageros do momento? A beleza da moda garante a harmonia em um relacionamento? Ou é aval da felicidade?

Para a feminista americana Nancy Wolf, a beleza não passa de uma invenção do homem para escravizar a mulher. Seria um sistema monetário, assim como o ouro. A anorexia seria um dano político causado às mulheres pela necessidade de manter o corpo magro e esbelto a qualquer preço.
Talvez essa seja uma visão extremamente radical, um tanto simplista, mas não deixa de ter algum sentido. Só que hoje não apenas a mulher, mas também o homem  é vítimas de um padrão ditado pela mídia.
A mania da magreza é, naturalmente, cultivada pelo meio cultural e atinge mais intensamente o sexo feminino, embora o padrão de beleza moderno também tenha como alvo o sexo masculino, como "necessidade de mercado". Mas seres humanos não podem ser tratados como mercadoria descartável, ou “modificável”.
Talvez o mundo devesse exigir que as modelos nas passarelas fossem tão diversificadas fisicamente como as criações que vestem. Caso contrário correremos o risco de perder, no futuro, a essência da beleza humana, transformada em seres com aparência alienígena, verdadeiros ciborgs da tecnologia estética.
(Mirna Monteiro)

Monday, November 13, 2006

COR E CONSCIÊNCIA








O "Abaporu"
uma
das obras
mais populares
de
Tarsila do Amaral





Inquieta e criativa, Tarsila do Amaral foi uma mulher à frente de seu tempo. Nascida em 1886, participou de novas fases da arte, como o modernismo e deu início à pintura social no Brasil.

Como mulher, rompeu barreiras de preconceito. Casou-se três vezes. Seu segundo marido foi Oswald de Andrade.

Tarsila estudou com Albert Gleizes e Fernand Léger, grandes mestres cubistas e manteve estreita amizade com Blaise Cendrars, poeta franco-suiço.

Iniciou sua pintura “pau brasil” dotada de cores e temas acentuadamente brasileiros. Em 1926 expôs em Paris. Fez grande sucesso na época.

A sua obra mais conhecida, o “Abaporu”, foi pintada em 1928, como um presente à Oswald de Andrade, que se emplogou com a tela e criou o Movimento Antropofágico.
De 1936 à 1952, Tarsila trabalhou como colunista nos Diários Associados Nos anos 50 voltou ao tema “pau brasil” e em 1951 participou da I Bienal de São Paulo. Em 1963, em uma sala especial, expôs na VII Bienal de São Paulo e no ano seguinte na XXXII Bienal de Veneza. Faleceu em São Paulo, em 1973.











Mamoeiro
























"A Cuca":
folclore
brasileiro






















"Operários" (acima) e "Segunda Classe" (abaixo) : preocupação

com a vida do brasileiro e consciência política estão claras

nas pinturas da fase social de Tarsila
































"Nú" :
sob
influência
do
cubismo

Saturday, October 28, 2006

ONDE ESTÁ A VERDADE?


Por que

as pessoas

mentem

tanto?



Nos velhos tempos dos sofistas, mestres itinerantes do conhecimento politicamente correto, a mentira era utilizada como artifício do poder, ou seja, a verdade era "ligeiramente" deturpada ao sabor das intenções sofistas. Por isso essa palavra ganhou uma conotação perjorativa.
Passados uns 3 mil anos, a mentira parece permanecer inevitável no exercício do poder, seja ele político, econômico, familiar ou social.

E ainda funciona! Velho como a humanidade, pois certamente esse artifício já nasceu com o homem, que para sobreviver precisava enganar seus predadores.
Mas mesmo sendo tão conhecida, é possível reconhecer a mentira? Ou as pessoas disfarçam, aceitando-as como verdade, quando lhes convém, mesmo que reconheçam a sua precariedade?

O problema é que a mentira pode ser extremamente destruidora. Como na política ou nas ciladas criadas pela inveja.Na Filosofia, a mentira é perigosa. É o caso do sofisma.O sofista faz retórica. O filosofo faz dialética.

Na retórica o ouvinte é levado por uma enxurrada de palavras que, se adequadamente compostas, vão persuadir, convencer, mas sem transmitir conhecimento algum. Já na dialética, que opera por perguntas e respostas, a pesquisa procede passo a passo, e não é possível ir adiante sem deixar esclarecido o que ficou para trás. O sofista refuta por refutar, para ganhar a disputa verbal. O filósofo refuta para purificar a alma de sua ignorância

Há quem considere deteminadas verdades destruidoras...Muitos que pedem a franqueza não estão preparados pra poder lidar com a realidade.Há verdades que não precisam ser ditas, assim como há mentiras que são necessárias.













Será que o pensamento livre, crítico, independente poderá prevalecer e a sociedade encontrar e uma forma de convivência baseada na verdade? Admitir a realidade não nos torna mais fortes e preparados para os desafios da vida?

Talvez o problema não seja a franqueza, mas a ausência de isenção ao utilizar a verdade.

Não vamos confundir mentiras com "faz de conta"! Imaginar uma realidade e conduzi-la ao sabor das próprias expectativas, como fazem as crianças nas brincadeiras, faz bem. Tanto é que a criança começa a entrar em choque com a realidade quando ela percebe que o faz-de-conta é muito diferente das mentiras que os adultos começam, logo cedo, a ensinar!

E o pior é que usando de hipocrisia e mentiras, os adultos pretendem que a criança seja absolutamente sincera! Crianças são inexperientes, mas são extremamente sensíveis à toda atitude contrária à natureza.

Da mesma maneira, o faz-de-conta dos adultos, através da ficção, é extremamente salutar. Aliás, é uma mola que impulsiona o mundo! A imaginação humana é premonitória e rica em estímulos para o futuro. Que o diga os grandes escritores de ficção, como Julio Verne!

O mundo seria enfadonho e estático sem a mentira? Os próprios deuses do Olimpo adoravam intrigas e se divertiam com isso. Eu já considero que há um ligeiro engano de interpretação: não é a mentira, mas a falta de imaginação que tornaria o mundo chato.

A mentira é perigosa!

Enfrentar a verdade é a única chance de sobrevivência individual, familiar, comunitária, ou da própria humanidade

Não é possivel concordar com a idéia de que podemos conviver com a hipocrisia e mentirinhas. O desejo da verdade aparece muito cedo nos seres humanos. Há necessidade de confiar nas coisas e nas pessoas


Por isso, neste terceiro milênio, a sociedade entra em choque constatando uma terrível realidade: a mentira está terminantemente contida nos meios de comunicação e expressão, seja eles quais forem. Tornaram-se instrumentos com alto poder de persuasão e de confusão também!

Mas há o contrapeso: é suficientemente capaz de arrancar a esperança de que o pensamento livre, crítico, independente ainda haverá de prevalecer? Que uma forma de convivência mais baseada na verdade possa vir a ocorrer ?

Cresce em nossa sociedade a exigência da verdade, clara e límpida. É o desejo e a necessidade da busca da verdade. Há um sentimento generalizado e crescente de que os valores éticos devem retornar, sob pena de convulsão social.

Em tempos onde o acesso à destruição é quase prosaico, não se pode fingir que mentiras são inofensivas. Seria utópico imaginar uma sociedade, deformada como a nossa sociedade humana, com a herança que possuímos, feita de seres absolutamente honestos e isentos. Mas sabemos que as pessoas são diferentes e é essa diferença que permite equilibrar o mundo. Há pessoas com valores definidos, as tais do "fio de barba", assim como há aquelas que vivem para a malicia, mentira e hipocrisia.


Tão certo como o anseio
do ser humano pela Verdade.
Como sofremos pela falta dela!

Mirna Monteiro

MENTIRAS E MENTIRAS

A mentira reina sobre o mundo!

Assim se expressou Teixeira de Pascoaes, escritor português, em "A Saudade e o Saudosismo", no começo do século XX. Por toda história humana, a Mentira foi tema incondicional de filósofos, escritores e poetas.

Por que? Porque sempre permeou a relação humana, de uma forma ou de outra. Tanto que há "classificações" para a Mentira. Por exemplo:

Mentira piedosa - aquele tipo de mentira que tenta evitar um constrangimento. É quase inevitável, diante da ansiedade de quem espera a resposta que, se verdadeira, causará algum desastre, ainda que aparentemente superficial.

Mentira cruel - aquela que objetiva ofender a magoar e é absolutamente inversa à mentira piedosa, procurando contrariar e causar algum estrago.

Mentira fútil- aquela que é dita por força do hábito, do mesmo jeito que se toma água quando se tem sede.

Mentira defensiva - aquela que objetiva "blindar-se" contra qualquer ameaça, mesmo quando isso é apenas uma subjetividade.

Mentira planejada - essa é a mais terrível forma da mentira. É aquela que desvirtua o meio social, cultural, que provoca catástrofes políticas e guerras. Serve ao poder! Em sua forma mais amena é feita de artifícios e acompanhada de estratégias de manipulação da opinião.
Terrível, de qualquer forma!

Ah, a mentira, quanta dor de cabeça já causou. Não faltaram aos pensadores idéias mirambolantes de detectá-la e anulá-la:

"Se desconfiarmos que alguém mente, finjamos crença: ele há-de tornar-se ousado, mentirá com mais vigor, sendo desmascarado. Por outro lado, ao notarmos a revelação parcial de uma verdade que queria ocultar, finjamos não acreditar, pois assim, provocado pela contradição, fará avançar toda a rectaguarda da verdade", escreveu Arthur Schopenhauer, em "Aforismos para a Sabedoria de Vida" .

Será mesmo? Com o perdão de Schopenhauer, acho esse conselho um risco! Pois sabemos hoje, neste mundo tecnológico e de disputas tão intensamente influenciadas pelo grande poder do terceiro milênio - o da mídia - que deixar o sujeito acreditar que a mentira de fato está fluindo, acaba por faze-lo crer que aquilo que diz é uma espécie de verdade.

Ora, o mentiroso que acredita tanto em sua própria mentira, é o mais perigoso dos enganadores! Pois neste caso a ênfase de seu discurso ganha dimensão de uma possível verdade. E aí, sabe-se lá onde vamos parar!

Mentiras podem ter lá as suas categorias e graus, mas convenhamos, não há mentira inocente. Com isso já concordava Rousseau.

"Para tornar inocente uma mentira, não basta que a intenção de prejudicar não seja expressa, é necessário também ter a certeza de que o erro em que se induz aqueles a quem se fala não poderá prejudicá-los a eles nem a ninguém, seja de que maneira for. É raro e difícil ter-se essa certeza e, por isso, é difícil e raro que uma mentira seja perfeitamente inocente"...

Pois é! Talvez a única mentira menos nociva, ou inocente, seja aquela que, nos dias atuais e cheios de ameaças, tenta proteger a própria privacidade.

Ainda assim, ao admitir a mentira, seja ela romântica ou destruidora, estamos nos violentando. Como negar que a verdade é um valor indispensável? O verdadeiro confere às coisas, aos seres humanos, ao mundo, um sentido que não teriam se fossem considerados indiferentes à verdade e à falsidade.

Que situação, não é mesmo! Não queremos a Mentira, mas não conseguimos estabelecer uma convivência sem que ela esteja imiscuida em nossas verdades.

"Ninguém acredita em ninguém, todos sabem a resposta. Mente-se só para dar a entender ao outro que a alguém nada nele importa, que dele não se necessita, que lhe é indiferente o que ele pensa acerca de alguém". (MM)

Monday, October 09, 2006

O NATURALISMO DE MANET













O naturalismo foi radical e pretendia mostrar a vida, emoções e as situações cotidianas com crueza e o máximo do realismo. Atingiu todas as formas de arte. Surgido no século IXX influenciou muitos artistas, inclusive Manet. Antecedeu o realismo.
Nas suas telas, Manet procurava chegar ao máximo da realidade, nas formas e nas cores. Como todos os grandes artistas, foi muito criticado. Sua temática para as telas era provocadora. Além disso não utilizava as técnicas acadêmicas convencionais nas pinturas.
Edouard Manet nasceu em Paris, em 23 de janeiro de 1832. Morreu em abril de 1883.















Cristo e os Anjos
















Manet pintou Emile Zola, que também integrou o movimento naturalista com sua literatura. Zola lançou sua obra-prima Germinal em 1885, depois da morte de Manet.

Sunday, October 01, 2006

AMORES VIRTUAIS III



















PARTE III
Amor e amores podem acontecer a qualquer momento e independente de circunstâncias programadas. O ser humano teria potencial para amar indefinidamente, não apenas as pessoas com as quais convive ou tem qualquer tipo de contato, mas também com aquelas que sabe que existem, estendendo esse amor à natureza e ao universo como um todo, na consciência da estreita relação entre os seres e as coisas.

Mas assim como o amor é multifacetado – e na variação dos motivos que levam a crer que exista, há situações de grande fragilidade do sentimento, motivado apenas por desejos, a condição do amor virtual se complica.

Fatalmente, a relação virtual, assim como a platônica, tem um prazo, certamente muito mais reduzido do que as paixões no mundo imediato, onde uma série de circunstâncias colaboram para continuidade de encontros.

Provavelmente, quando essa relação se torna apaixonada e envereda pela sexualidade, começa a contagem regressiva. Eros cede espaço à Afrodite. E é nesse tempo que os amantes virtuais chegam a um impasse: viver ou não viver a paixão no mundo real!

É realmente um impasse! O mundo virtual é um espaço protegido, onde somos deuses navegando para onde a imaginação ou a vontade própria indicar. Quando esse espaço deixa de nos oferecer proteção e prazer, é só clicar, que ele desaparece!

Além disso no mundo virtual não há necessidade da mentira, mas em paralelo não há razão também para não fantasiar a própria vida. Informações pessoais podem ser suprimidas (e devem, até por questões de segurança) e o exercício da hipocrisia pode ser dispensado, pois se não há modelo imposto, ou mesmo identidade desnudada, não há necessidade de jogar e auto-proteger-se de palavras ditas por personagens que beiram a ficção!
Mas e diante da possibilidade de inserir esse mundo virtual, no mundo real?

A possibilidade de tudo ruir faz com que muitas relações virtuais bem sucedidas cheguem ao final, com o afastamento. Há muitos motivos que podem desestimular a continuidade desse tipo de relação. Por exemplo, a distância real!
Quando estamos no mundo virtual, não há distâncias, nem condição social, raça ou cor, que realmente surtam qualquer efeito. Por mais que as pessoas tentem manter preconceitos, a mágica do virtual tem o poder de confundi-los e reduzi-los, pois os elementos que aguçam o preconceito, como a pressão moral, a característica física, entre outros, são atenuados ou até mesmo suprimidos. (...)

No momento do enfrentamento real, todos os preconceitos sobem à tona. Todas as idealizações que complementaram a personalidade e a imagem do amor virtual também se aguçam e podem entrar em choque com a constatação de novos elementos que integram a realidade.
Normalmente o resultado do amor virtual, quando pretende a realidade, é acabar assim como começou, no próprio mundo virtual, onde rompantes de paixão e rompimentos são assimilados muito facilmente, pois a grande margem da fantasia que cerca essas relações permitem uma reconstituição da ideia da perda.

(...)Outros resolvem arriscar. A possibilidade da relação ruir e se fragmentar no contato com a realidade continua existindo. Mas também existe a possibilidade dessa relação virtual ter sido construída sobre alicerces, firmes o suficiente para enfrentar qualquer impacto da realidade sobre a inevitável fantasia da superfície.
No final das contas, o amor virtual acaba sugerindo que o simples desejo e a paixão que decorre dele é fruto da construção da fantasia, principalmente quando a sexualidade entra em cena e cria modalidades de paixões.
Paixões virtuais não têm relação, necessariamente, com sexo virtual. O sexo virtual utiliza a relação com o simples objetivo de estímulo e prazer imediato, “descompromissado” e sem qualquer vínculo de afetividade ou compatibilidade.

A variedade de relação no mundo virtual apenas nos mostra o quanto o mundo cibernético ganha espaço na realidade humana. O que deixa cada vez mais próximas e reais as mirabolantes cenas da ficção, onde as pessoas vivem isoladas em cubículos, trabalhando, viajando e mantendo a inteiração profissional, social e pessoal única e exclusivamente através de um mundo virtual sofisticado, e tão realista em poder que permitirá até mesmo a sensação do toque físico. Um mundo que poderá simplesmente retratar que a realidade é subjetiva demais para nos apossarmos dela! ( “Amores Virtuais” de Mirna Monteiro)








Thursday, September 28, 2006

AMORES VIRTUAIS II
























Parte II

Qual é a principal vantagem da relação virtual, quando ela envolve sentimentos?
A disposição em enfrentar uma possível rejeição. Rejeição, aliás, é a “trava” das relações humanas: nem todas as pessoas possuem estrutura emocional para lidar com ela.

Ainda que haja rejeição, a emoção negativa é menor, justamente pela preservação da identidade e da possibilidade de criar, ali mesmo, naquele momento, uma espécie de vacina para a dor do veneno: basta uma frase atravessada ou bem humorada e o rejeitado pode sumir por encanto, rapidamente e com o ego restaurado. E assim seguir em questão de segundos para outro grupo mais amistoso.

O que dificilmente poderia ocorrer em circunstâncias reais, no corpo a corpo.

Mas se negócios e amizade parecem se fundir maravilhosamente com o sistema virtual, como ficam as relações que vão além da amizade? Das pessoas que buscam interagir com o sexo oposto, tentando suprir carências de afetividade, buscando companhia ou simplesmente buscando prazer através do sexo? Como isso pode ser possível no mundo virtual, sem o toque físico e a tão cantada “troca de energia”, que só existem no encontro real?


Platonismo e virtual são a mesma coisa?

Segundo Platão, Eros, o amor, é uma força que instiga a alma para atingir o bem. Não cessa de mover a alma, enquanto essa não for satisfeita. O bem almejado é determinado pela parte da alma que prevalecer sobre as outras.

Mas ele separa o amor e a sensualidade. Se for sensual, a alma não busca um bem verdadeiro, já que procura a satisfação dos desejos que Platão julgava mais baixos, como o apetite e a ganância.

Ele imaginava que se a alma conduzir a sua parte racional e utilizar energia do amor para o bem verdadeiro – que compreende a justiça, a honra e a fidelidade (virtudes supremas) estará em ascensão.

Do ponto de vista virtual, Eros certamente fica limitado em seu objetivo sensual, embora não fique absolutamente impossibilitado.

No amor entretanto isso não acontece. Seguindo o raciocínio de Platão, o amor dirige-se para o bem, cuja aparência externa é a beleza. Existem muitas formas de beleza, mas a sabedoria seria a maior de todas. No mundo virtual a conquista do amor passa, necessariamente, por essa etapa, já que a comunicação se faz através da palavra...ou da escrita.

Ou seja, se partirmos da idéia de que o amor platônico é um conceito que provém de um filósofo que acreditava na existência de dois mundos – o das idéias, perfeito e eterno, e o do mundo real, finito e imperfeito, mera cópia (mal acabada) do mundo ideal – o amor virtual poderia ser o mais verdadeiro dos amores, pois quando acontece possui como base valores perfeitos e eternos, sem a interferência do mundo real.

Tem sua lógica. O mundo real condiciona o amor a questões superficiais e voláteis, como a aparência física, a condição social e econômica, enfim, impõe um modelo que nem sempre permite que haja contato com “o outro lado” das pessoas, o do pensamento, do caráter, da personalidade, dos sonhos e anseios, entre outros. E tanto é verdade que o platônico se fixa em ideais, que há uma enorme fluência do sexo virtual, que acontece da mesma forma que no mundo real, de forma impessoal, na simples busca do prazer físico, ou como um ato apaixonado de dois amantes.

“A imaginação é algo surpreendente
Nunca a vi, e percebo sua presença
Nunca a abracei e sinto seu aroma
Nunca a beijei, e guardo seu sabor” (Rubem Álvares)

Poesias como esta correm a Internet, que criou um novo sistema de postagem: a do amor.

Os apaixonados virtuais recorrem a poesias, remetidas em cartões que chegam via e-mail.
Também a música aborda a nova modalidade de se conhecer e se amar.

Como é que eu pude gostar assim de alguém
Que só vejo de longe e nunca beijei
Foi como uma luz, forte atração
(...)
Me deixa ver você, liga o computador
Me diz onde te encontrar que eu já vou
Me deixa ver você dançar de novo pra mim
Vem cá, quero te conhecer
(...)
Me apaixonei e agora vivo esta dor...(Sampa Crew)


Mas será assim mesmo, tão simples e satisfatório?

E até que ponto, ou por quanto tempo, um amor pode sustentar-se platonicamente? ...cont.(Mirna Monteiro)

Tuesday, September 26, 2006

AMORES VIRTUAIS




















Parte I

O mundo virtual aproxima as pessoas, cria laços de amizade, desperta paixões e amores e preenche a necessidade humana de interagir!

Isso é verdade ou apenas uma realidade transitória?

A eficiência da relação virtual é absolutamente real...até certo ponto. Para os negócios, a facilidade da comunicação e a troca rápida da informação oferecem resultados que dispensam na maior parte dos casos a necessidade do encontro pessoal, cara a cara. Uma relação de trabalho via Internet pode ser extremamente mais produtiva do que aquela que fica circunscrita a salas em um escritório, ao contato pessoal ou via telefone.

Mas quando se fala em relação pessoal, a situação é outra. É possível tomar uma cervejinha virtual em um bate-papo com os amigos, em sala igualmente virtual, utilizando o teclado do computador. É quase tão real, que a certa altura as pessoas começam a “desligar-se” da distância física e da tela, onde as frases digitadas vão assumindo a personalidade de seus interlocutores e ganhando “vozes” individuais.

Nesse ponto as discordâncias são discutidas acaloradamente e o humor aparece nitidamente na compreensão do texto. É possível, então, e praticamente, “ouvir” as risadas das pessoas reunidas no bate-papo.
(...)

No final das contas, nesse momento, o cérebro humano, com toda a sua potencialidade, complementa o toque do realismo dessa inteiração. As pessoas reunidas no papo virtual praticamente se esquecem de qualquer fator ligado à distância física, à ausência dos rostos e das expressões, ao som das vozes e às suas inflexões, que como mágica, são compensadas pela inteligência, a capacidade criativa e a fantasia.

A inteiração aconteceu, as pessoas interagiram, riram, discutiram, brigaram e se satisfizeram no bate-papo virtual com qualidade bastante semelhante a um encontro real. Com a vantagem de não precisar abrir mão de seus chinelos e pijama!

Em geral esse tipo de encontro virtual realmente não costuma deixar frustrações ou grandes vazios. Um bate papo onde quem chega vai entrando e participando e enriquecendo o momento, sem grandes dramas de insegurança em sofrer rejeição (uma ameaça vívida e comum em encontros reais), é sempre mais interessante.(Mirna Monteiro)


Tuesday, September 19, 2006

A HIPOCRISIA DO PODER

Durante toda história da humanidade o homem tentou entender a voracidade do poder político. Talvez tenha sido justamente isso – a insanidade que marcava a briga política ao longo de séculos e séculos de organização da sociedade humana, que tenha levado à necessidade de pensar suas origens, seu presente e seu futuro.

A contradição sempre foi tamanha, entre aquilo que se propagava e a realidade do poder, que até mesmo o berço da democracia, a Grécia, começou a imaginar igualdade entre os homens de maneira a preservar a desigualdade, ou seja a garantia do poder. Que o diga o velho Sócrates, obrigado a beber cicuta porque cometeu a heresia de ensinar os jovens a pensar, ao contrário dos sofistas, que costumavam levar o conhecimento controlado e medido de acordo com os desejos do poder constituído.

Sócrates, naturalmente, não foi o único homem com pretensão de discutir o poder político e suas artimanhas que se deu mal. Por toda a história, quem ousasse pensar e desafiar o poder, entrava pelo cano. Fosse na fase da Inquisição, com todo o poder centralizado na igreja e em papas escolhidos não pela santidade, mas pelo oportunismo, fosse nos tempos modernos, onde a perseguição contra quem reclamava do abuso político e apontava as falhas de ideologias massificadas não foi menos cruel ou absurda!

E agora, no Terceiro Milênio, a “Idade da Informação”, do apogeu da mídia e do confronto com a maior comunicação popular da história da humanidade?
Bem, agora, sofisticaram-se os meios, mas o recheio do bolo continua o mesmo. O cenário em que vivemos é magnífico: naves espaciais orbitando a terra, satélites que mandam imagens do sujeito que passeia na Patagônia para a “Concinchina”, chips que substituem funções do cérebro humano, enfim!
Mas a briga pelo poder é tão mesquinha e perigosa como nos tempos de Calígula!
Mas e a nossa democracia, a nossa campanha política, o nosso voto popular?
Pois é, metade do caminho já andamos. O problema fica com a outra metade, pressionada por quem não quem “perder” o poder de tantas décadas e que utiliza os mesmos recursos do “bem” para o “mal”. O jogo é sujo: denúncias vazias, que pretendem denunciar o que não existe na realidade. É só bagunça!
Não é um problema brasileiro. É um problema dos países comprometidos com interesses de grupos econômicos, habituados a imperar. A corrupção é endêmica, dizem os analistas brasileiros e (que vexame!) de outros países. A tendência de vestir a intenção de coletar lucros com a capa das boas intenções  confunde realmente o cidadão comum. O lobo que se esconde sob a capa do cordeiro ou o complexo do conto da chapeuzinho vermelho.

Corrupção endêmica significa corrupção enfronhada, absorvida pelo sistema. As pessoas confundem e imaginam que é novidade, sendo manipuladas pelo frenesi político, que propaga os próprios pecados, senão de profundo conhecimento de falcatruas, pelo menos no de omissão para punir e banir a corrupção de fato. A mídia infelizmente não escapa desse cerco e leva informação distorcida. No tempo das trevas, os livros eram raros, e o conhecimento empírico. Mesmo assim a sociedade humana rompeu as barreiras da falta de informação.
Hoje temos de admitir que somos obrigados a romper as barreiras da ignorância, fruto de informação distorcida, comum na política quando se briga pela imposição de projetos e supremacia partidária. O mesmo projeto que parece beneficiar a população nas acaloradas discussões em tribunas dos plenários pode ser aquele que no futuro será responsável por perdas irrecuperáveis. É preciso se perguntar: qual o interesse do poder político e econômico nas bandeiras de nossos legisladores.

Wednesday, September 13, 2006

A Geometria no Cubismo


Ao falar em cubismo, os primeiros nomes que relacionamos são o de Pablo Picasso e Georges Braque, que foram na verdade os iniciadores desta modalidade de pintura, entre 1907 e 1914.
Historicamente porém, o Cubismo originou-se na obra de Cézanne (tela acima). Ele expressava as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Mas o movimento cubista do início do século XX foi muito mais longe.

O cubismo foi na verdade uma nova expressão, que estava inserida em um momento de transformação cultural e intelectual, criando um movimento que reuniu um grupo de artistas e escritores de vanguarda, em Paris, na França, em 1908.
Mais tarde, em 1912, a fiormação de três grupos diferentes de cubistas chama a atenção: o Orfismo, formado por Robert Delaunay, exaltando o papel dinâmico da cor, o Section d’Or, nos ateliês de três irmãos, Jacques Villon, Marcel Duchamp e Raymond Duchamp-Villon e o núcleo do grupo original à volta de Gleizes e Metzinger, “Les Artistes de Passy”.

O que expressa o cubismo? O pintor cubista tenta representar os objetos em três dimensões, numa superfície plana, sob formas geométricas, com predominância das linhas retas.
Não representa, apenas sugere, a estrutura dos corpos e objetos, que são representados como se houvesse movimento em torno deles, sob todos os ângulos visuais, por cima e por baixo, mantendo a percepção de todos os planos e volumes.
As duas obras abaixo mostram o estilo de Georges Braque:


Pablo Picasso, inigualável em suas formas

Friday, September 01, 2006

A FORÇA DE CARAVAGGIO










Intensa, forte, iluminada. Estas são algumas das características da obra de Caravaggio, um pintor italiano que viveu entre 1573 e 1610. Uma vida curta, mas intensa, turbulenta, marcada pela rebeldia e pelo inconformismo, que podem ser observados em suas obras, com tamanha força e crítica, que indignou a sociedade da época, premida pelo rigor da Igreja.

Sentia-se à vontade nas tavernas, nas ruas, em contato com o submundo abominado pela aristocracia. Frequentou em fases de sua vida ambientes cultos e refinados, mas não hesitava em troca-los pelo prazer de conviver com a pequena burguesia e a ralé.

Caravaggio morreu da mesma forma que viveu: procurando absorver a vida, intensificando suas cores e seus dramas e potencializando a natureza. Depois de uma vida de conflitos, que envolviam pelejas e duelos, feriu-se gravemente na ponta de espadas.

O seu estilo é considerado barroco, embora bastante marcado pelo renascentismo contra o qual ele reagia. Mas a força de suas cores, o realismo de sua imagem e a iluminação de seus ambientes demonstram que Michelangelo Caravaggio foi único, iniciando o tenebrismo, com a projeção de luz sobre as formas e criticando a manipulação dos conceitos do cristianismo.



A obra Conversão de São Paulo é considerada uma revolução na iconografia religiosa. O cavalo se ressalta na imagem. Não se vê o santo? Ora, São Paulo, o homem, caiu ao chão ofuscado pela visão de Jesus, na estrada de Damasco. A iluminação é belíssima, parece brotar do foco de luz vindo de cima, banhar o ventre do cavalo e inundar de claridade o rosto do santo. Colocando o centro do afresco no chão, Caravaggio salienta a insignificância do homem perante a divindade.

Davi com a Cabeça de Golias. Violência e a beleza do adolescente. Dizem que a cabeça decepada do gigante é um auto-retrato de Caravaggio. Pode ser: por essa época, em seus últimos anos de vida, ele mostrava desalento e mágoa, sentindo-se cansado e atormentado pela perseguição dos adversários, aos quais, antes, provocava.

Bacchus: retratado com feições femininas e delicado em sua postura, sugerindo a masculinidade mesclada ao feminino. Um Baco hermafrodita que irritou a aristocracia da época.

A Morte da Virgem Maria a retrata com o ventre inchado, os pés para fora do leito, como uma mulher da plebe que sucumbisse de inanição ou de parto, numa atmosfera densa e um ambiente de miséria. Escandalizou pela suposição de que Caravaggio teria utilizado como modelo o corpo de uma mulher que havia morrido afogada.

Tuesday, August 29, 2006

A ESSÊNCIA DO MAL







- O que houve? Por que essa cara?
- ....Bem...é que, em meio a tanta violência, que acontecia de tal maneira, com tal estupidez...como pode Meriel ter conseguido entrar em um local vigiado, com gente armada e sob ordens militares e levar seu pai e seu irmão? Assim como?
- Os padrões de Meriel não eram comuns. A força que a alimentava e a fortalecia não era motivada por sentimentos humanos que se originam da fragilidade material. A sua fonte de força era divina, pois para ela os valores de vida não eram superficiais, mas universais. Sabe, encontrei em seu diário uma página onde ela retratou-se com uma lágrima, as mãos voltadas para o céu, onde escreveu: “Tenho mil anos e estou há anos luz do meu mundo”. Ela tinha absoluta consciência dos mistérios que nos cercam. Para alguém tão sensível, a violência e a maldade são como espadas perfurando a alma. Essa era a dor que sentia ao transformar-se em luz e retirar o pai e o irmão das masmorras da repressão. Uma dor que permaneceu, pois a sua força era insuficiente para evitar que tantos outros sofressem!
- Isso tudo é muito cruel!
- Pois era essa a pergunta! Por que a humanidade buscava o caminho mais difícil e doloroso? A maneira como as pessoas agem é incompreensível. Seria mais fácil para todos viver em harmonia e equilíbrio do que o contrário.
- Meu pai diria que o mundo perfeito é anseio da ingenuidade.
- Sei, sei, é este o pensamento das pessoas quando se sentem impotentes diante da insensatez humana.
- Mas eu não acredito que as pessoas nasçam más, acho que elas tornam-se más!
- Ora Liandra! Isso sim é ser ingênua! As pessoas tornam-se más?
- Por que não? Nem todos têm a chance de conhecer e desenvolver a compreensão do mundo!
- Que quer dizer? Que nos dividimos entre aqueles que constroem e aqueles que destroem, na dependência de lições de casa?
- Não é bem assim! Acredito que o problema reside na maneira como a sociedade está estruturada. Há óbvia intenção de confundir as pessoas. Quanto maior a confusão, mais fácil fica para o sistema dominar essa mesma sociedade. Concorda?
- Em parte, sim, em parte. Talvez o sistema aproveite magnificamente a futilidade humana, essa preguiça em pensar, em buscar respostas, em se aperfeiçoar como ser. Mas basicamente parece-me que existe uma relutância em assumir. Essa imagem do bom e ruim, dos extremos entre o bem e o mal!
- Você está querendo dizer que as pessoas situam-se apenas nesses extremos?
- Não apenas, mas principalmente. Parece-me que chegamos com nossas tendências delimitadas.
- Não dá para concordar com essa idéia. Se assim fosse, qual a razão? Se a humanidade divide-se entre Deus e o diabo....
- Pois a mim parece lógico. Veja bem, a eterna luta do bem e do mal. Ou você é bom ou não é, não é assim? Ou tem sentimentos, que o fazem sentir a dimensão da vida, a maravilha da natureza, ou desdenha tudo isso por não poder sentir. Em outras palavras, quem sufoca, ameaça, não sente, é frio como pedra, não respeita ao semelhante, esse está do lado oposto a quem sente, respeita, maravilha-se com a perfeição divina, consegue sentir o que outra pessoa sente, ouve o bater outros corações além do seu!
- Pois é!...
- É...o mal tem corpo, tem essência, é concreto...
- Pode ser que não sejamos inteiramente ruins ou inteiramente bons.
- Ué! Como é não ser inteiramente ruim? Pisar na cabeça de alguém só de vez em quando, ao invés de sempre? Ou ser bom vez por outra. Não, não, não, um erro consertado leva à ausência desse erro, mas uma vez que se pratique sentimentos baixos ou pouco nobres, não se é bom, se é ruim. E ser bom vez por outra também é ser ruim.
- Mas dessa forma você está transformando o bem e o mal em entidades distintas e não sentimentos!
- Exato!
- Ora, não concordo!
- Suponha que haja a clonagem dupla de um indivíduo. Teremos uma espécie de gêmeos, certo? Veja bem, a mesma genética, a mesma influência do ambiente, a mesma dosagem de orientação e, digamos, de amor!
- Serão idênticos, claro!
- Mas, assim como os gêmeos idênticos, terão personalidades distintas!
- Essa é uma projeção por sua conta e risco. Não conheço clones e nem temos notícia de que uma dupla dessas teria personalidade distinta!
- Os seres são iguais na forma, mas diferentes em essência. Suponhamos que um dos clones seja alguém dócil, de caráter, interessado no mundo e com capacidade para exercer o bem, enquanto o outro é egocêntrico, passional e insensível, considerando a vida alheia de pouco ou nenhum valor. O que diferencia ambos?
- Não sei, são absolutamente idênticos, inclusive na influência do ambiente...
- O que diferencia esses clones, assim como aos irmãos, aos gêmeos e ao resto da humanidade é uma coisa apenas.
- É?
- A essência!
- Como assim? Você está falando da alma! Mas dessa forma você ainda exclui a possibilidade do bem e do mal serem sentimentos!
- Exato! O Bem e o Mal são entidades distintas, tem personalidade e forma distinta. Assim como o Bem, o Mal atua por si. E isso que enfrentamos neste mundo Liandra. O Mal não é abstrato, é concreto! Tem essência! Mas nossos olhos distraídos apenas enxergam o resultado dele, como os escombros deixados por um tornado (...) (“A Colina” de Mirna Monteiro)

Thursday, August 17, 2006

Medo de Viver


(...) Uma madrugada sentiu-se tão incomodada, como se lhe faltasse um pedaço, que foi até o quarto de Das Dores, verificar se já tinha acordado.
Encontrou a prima imersa, com a cabeça embaixo do cobertor.
- Assim você sufoca! Precisa respirar bem, para poder descansar – avisou Anna, enquanto tomavam, apressadas, o café da manhã.
Os olhos de Maria das Dores lacrimejaram. Ela pareceu hesitar, mas diante da maneira franca de Anna, resolveu desabafar o que mantinha encerrado a sete chaves.
- Eu tenho medo!
- Medo? Como assim? De que?
- Não sei... de tudo eu acho. É um problema sério. À noite, na escuridão, eu sinto pavor e só consigo fechar os olhos se me esconder embaixo do cobertor ...
Anna não respondeu, olhando a prima, surpresa com sua confissão.
Das Dores deu os ombros.
- Pois é isso! Já tentei de tudo, fiz análise por três anos, tomei todos os chás que me mandaram, tomo banho morno, nada adianta, não adianta! Até em terreiro eu já fui, porque disseram eu estava com encosto!
- Mas você é tão corajosa em seu trabalho! Parece enfrentar muito bem os riscos!
- É, eu sei...Fico possessa quando vejo a violência, homens que violentam e matam, crianças que são vítimas de tortura. Você sabia, Anna, que houve um caso em que a própria mãe jogou o bebê contra a parede, porque ele estava chorando?
Parou, emocionada, procurando refazer-se.
Terminou de beber o café e encarou Anna.
- Nesses momentos, eu me revolto e sou capaz de tudo mesmo e não tenho medo. Mas na hora em que estou só, no momento em que preciso dormir, eu sinto medo!
Levantou-se e olhou através da pequena janela da cozinha.
- Eu sinto que a maldade está tomando conta das pessoas, como se elas estivessem sendo pouco a pouco, incorporadas pelo mal. É como uma epidemia de vírus... pouco a pouco...está se espalhando!
Virou para Anna, com a voz alterada.
- A maldade está se espalhando! Não há limites para a dor e o medo. Por isso eu não posso parar para pensar. Porque eu sinto pavor dessa realidade...Não consigo dormir!
Passou as mãos no rosto, onde uma lágrima havia escorrido.
– Esta vida é uma merda, é por isso que não consigo dormir! Vida de merda, em um mundo de merda! E....
Ouviram batidas na parede da cozinha, feitas pelo vizinho.
O rosto de Maria das Dores avermelhou-se.
- Não tenho sequer uma vida minha, não há mais privacidade! – berrou, socando a parede e acrescentando que o mundo não passava de uma grande privada sem descarga. Saiu apressada, deixando Anna perplexa, espremida na pequena mesinha no canto da cozinha (...) ( Do livro "O Círculo")

Monday, August 14, 2006

As Mulatas de Di Cavalcanti



Mítico, indefinível, espontâneo e multicor! Estas são algumas definições de
críticos para a arte brasileiríssima de Emiliano Di Cavalcanti, o famoso
pintor das mulatas. Notoriedade, aliás, que ele conseguiu apenas após 1930,
apesar de seu estilo inconfundível integrar momentos como a Semana da
Arte Moderna, em 1922, exposição que ajudou a organizar.



Nascido em 1897, numa família
bem relacionada mas em difícil
situação financeira, Di Cavalcanti
soube aproveitar o apoio de
personalidades como
José do Patrocínio (seu tio) e
Olavo Bilac para ingressar no
restrito mundo da imprensa e
ali sobressair-se com
suas ilustrações
e caricaturas. Paralelamente, investia
seu talento nas telas!










"A atmosfera de sua obra tem
um calor carioca, uma sensualidade
agreste, um cheiro abrasante de noites
de verão à beira da mata" (Virmont)










Tuesday, August 08, 2006

A MORDIDA DA BOCCA DELLA VERITÀ


NA MENTIRA DE CADA DIA...


Ah, a Mentira! Tão velha quanto a humanidade, mas somente agora está ganhando o "status" de inimiga número "1" da Paz e preservação da vida.
Por que? Devido ao exagêro de sua presença. Veja bem, nos velhos tempos ela era discreta, limitada à circunstâncias que envolviam a disputa pelo poder e por riquezas, mas o mundo era recortado por imensas distâncias e culturas
Agora, além de integrar situações de grandes disputas, ela virou rotina. Hoje em dia, os mentirosos ganharam espaço, divididos, é claro, em diferentes categorias...contingência dos novos tempos do apocalipse!

Dizem que a mentira é "inerente" ao ser humano. Alguns argumentam que é um artíficio da sobrevivência, já que a absoluta sinceridade pode ser chocante em um mundo onde a disputa por espaço e poder é acirrada e refratária ao tempo. Ou seja, acontece nos dias de hoje com as mesmas caraterísticas e motivos que acontecia na Idade das Trevas!

Que constatação mais desagradável!

A mentira é companheira da hipocrisia, da desonestidade, da ausência de ética e de respeito e da falta de consciência humana. Reveste-se sempre de ares de superioridade, em contraste com sua extrema covardia. Mas procura compensar seus limites com extrema criatividade.

E como faz estragos! Principalmente ao lado da hipocrisia!

"há quem condene homens à morte por crimes que nem sequer considera transgressões. Quando jovem, vi um gentil-homem apresentar ao povo, com uma mão, versos de notável beleza e licenciosidade, e com outra, a mais belicosa reforma teológica de que o mundo, de há muito àquela parte, teve notícia. Assim vão os homens" , escreveu Michel de Montaigne, em "Ensaios da Vaidade".

Pois é. Mas mentir não é tão fácil. Friedrich Nietzsche insistia nesse ponto: "Porque é que, na maior parte das vezes, os homens na vida quotidiana dizem a verdade? Certamente, não porque um deus proibiu mentir. Mas sim, em primeiro lugar, porque é mais cómodo, pois a mentira exige invenção, dissimulação e memória. Por isso Swift diz: «Quem conta uma mentira raramente se apercebe do pesado fardo que toma sobre si; é que, para manter uma mentira, tem de inventar outras vinte»

A mentira vence as barreiras do tempo e do espaço, apesar de todas as pessoas afirmarem que não compactuam com ela. Será mesmo? Se assim é, por que ela persiste?

"Gosto da verdade. Acredito que a humanidade precisa dela; mas precisa ainda mais da mentira que a lisonjeia, a consola, lhe dá esperanças infinitas. Sem a mentira, a humanidade pereceria de desespero e de tédio"... opinião de Anatole France.


Opinião, aliás, equivocada! A mentira até podia ser suportada quando ela era apenas uma suposição: não havia meios de comprová-la a tempo de suprimi-la das grandes questões da humanidade. Agora, no entanto, o mundo conta com meios rápidos de descobrir a mentira, avaliar a sua potência enganadora, calcular os seus estragos...e rezar para que sejam minorados. É que apesar de tudo, ainda há uma grande dificuldade de evitar os estragos da mentira, quando ela envolve altos interesses.

Talvez o mundo possa adotar a antiga e interessante "Bocca della Verità".

Esculpida em pedra, nos tempos medievais, a "Bocca della Verità" ou boca da verdade, fica em Santa Maria in Cosmedim, na Itália. É famosa e sua figura exibe uma boca aberta.
Diz a lenda que o mentiroso que colocar a mão na abertura levará uma mordida.

Você colocaria a sua mão na "Bocca della Verità"?...
Ou a "Bocca della Verità" morderia a própria língua, por séculos e séculos a fio?

Bem, de qualquer maneira, acontece hoje um fenômeno interessante, que deixaria os nossos pensadores dos velhos tempos das mentiras, no mínimo confusos. Trata-se da supremacia dos antigos companheiros da mentira, que antes eram coadjuvantes e agora, nos novos tempos, tornam-se as estrelas, ofuscando a dita cuja.

Falamos da hipocrisia - hoje extrema - da ausência de ética - descaradamente presente como se fosse um elemento ficcional - e da falta de respeito e consciência humana, que tornou-se tão aberrante que hoje é simplesmente acintosa.
Esses elementos tornaram a mentira, que antes era uma estrela, em uma "ponta" na encenação, necessária apenas para florear as intenções.

Agora assistimos à uma nova fase da mentira. Aquela em que pouco importa, aos que se utilizam dela, que isso seja óbvio.
Pela primeira vez, a mentira vive uma fase nova e de resultados imprevisíveis! (Mirna Monteiro)

LEIA TAMBÉM: http://artemirna.blogspot.com.br/2010/09/mentira-de-cada-dia.html
                            http://artemirna.blogspot.com.br/2011/01/onde-esta-verdade.html